14/01/12


“Desanimador, talvez essa fosse a palavra certa pra descrever seus dias. Seu cinzeiro estava cheio, sua toalha de mesa branca estava manchada de café. Seus olhos estavam manchados de tanto chorar, papéis amassados estavam jogados no chão. Seus cabelos totalmente desarrumados, a única coisa que ainda estava arrumada naquela sala era o retrato que fica em cima da lareira. E no seu rádio a mesma música, aquela que a deixava pra baixo. Que a fazia mal, mas ela gosta de maltratar. Gosta de escutar música que são repletas de lembranças. Gosta de ler e reler tudo que um dia escreveu destinadamente ao seu amor. Gosta de sofrer com as lembranças. “Ela gosta do jeito que ele canta a canção de amor do demónio branco nos sonhos dela”. Mas o que seria o demónio branco? Aquele que tem a aparência desumana e te faz mal? Talvez, não é? Mas esse era o apelido que ela havia dado para seu amado. Demónio Branco. Pode ser também por causa de sua pele pálida, ninguém sabe ao certo. Mas em certas horas colocava aquela música pra tocar e se afundava no copo de café e enchia seus pulmões de fumaça. Talvez fosse seu remédio para tudo. Mas diga-me, ela está assim por que quer. Ela não sai dessa necessidade por que não quer. Não se levanta daquela cadeira e sai pra tomar um sol por que não quer. Ela vive ali, morrendo um pouco a cada segundo sem ao menos perceber. E você, vive de lembranças? Ou vive com elas?” Isabela Bastos

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